1.21.2011

A LENDA DOS SOLDADOS PURURAUCAS (YAWARPAMPA).









No ano de 1438, um inevitável confronto colocou Incas e Hanan Chancas em um mesmo campo de batalha. Os sanguinários Hanan Chancas eram temidos porque, se vencessem, certamente, submeteriam os vencidos a um ritual macabro de tortura, no qual seriam, lentamente, escalpelados vivos. Depois, seus crânios serviriam como taças de onde seus algozes beberiam seu sangue. Sua fama fazia tremer qualquer povo, não seria de admirar que fossem respeitados ao extremo. Pela primeira vez, o Cusco estava em absoluto perigo; um deslize e o povo Inca seria exterminado. Quarenta mil homens de guerra, liderados por Anco Huayllu, avançaram até cercar a cidade. 

Nesse momento o pânico tomou conta e o Inca Wiracocha foi obrigado a refugiar-se, com a familia e alguns nobres, no Collasuyo. Tudo parecia, irremediavelmente, perdido. No entanto, o príncipe Cusi Yupanqui ficou para defender a cidade, liderando uma resistência inspirada tanto na ousadia de uma  estratégia diplomática de conduzir o inimigo a um improvável armistício quanto na audácia do enfrentamento no campo de guerra. Primeiro ele tentou oferecer a paz aos sitiadores, tentando ganhar tempo para reunir aliados; enquanto isso, tentava pôr em prática uma desesperada estratégia.
Conta a lenda que, Cusi Yupanqui postou seu exército em Yawarpampa (Campo de Sangue) e enquanto esperava pelo exército inimigo, ordenou que se fizessem montículos de pedra para parecer, à distância, que fossem soldados e que o exército fosse muito mais numeroso do que, realmente, era. Então, em plena batalha, os montículos de pedra  tornaram-se reais, pela vontade dos deuses, dando, aos Incas, a vitória, tanto na batalha quanto na guerra. Nesse dia morreram vinte e dois mil chancas e oito mil cusquenhos.
Talvez, a História possa explicar a lenda, sugerindo que "os montículos que se tornavam soldados de verdade" fossem, apenas, a tão sonhada ajuda solicitada pelo príncipe Cusi Yupanqui, aos povos vizinhos, que teriam resolvido juntarem-se aos cusquenhos em plena batalha, fazendo parecer que a pedra ganhava vida.
Naquele dia, foram recebidos como heróis na Praça de Armas do Cusco e o príncipe assumiu o poder com o nome de Pachacutec.